Dear Cupid, next time hit both.









sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Still I can't escape the ghost of you...

Estou na nossa praia outra vez. Sem ti, pela primeira vez sem ti. Caminho em direcção ao nosso sítio, com passos decididos, sem tirar os olhos do chão. Sigo sempre à beira-mar, pé ante pé, sem pensar muito no que estou prestes a fazer. Evito os olhares alheios, ignoro os virares de cabeça, os comentários a que costumo responder - estou a caminhar em direcção a nós, ao nosso passado, ao ponto em que tudo começou, e isso faz tudo o resto parecer insignificante. Enquanto ando, penso que fiz bem em esperar até poder ir ali sozinha; já todos tinham ido caminhar e passado ali, mas eu não pude fazê-lo. Não podia ignorá-lo, passar por ali como se não fosse nada de especial, mas também não podia partilhar com outras pessoas aquele pedaço de areia que foi só nosso num fim de tarde como este, há cinco verões atrás. À medida que me aproximo, sinto o coração a bater mais rápido e a garganta a estreitar-se, numa espécie de aviso, da parte do meu coração, de que se avizinha algo realmente doloroso. Quando percebo que cheguei, paro e levanto os olhos antes que perca a coragem para fazê-lo. Continua tudo igual, tudo como naquele Verão. Por momentos vejo-te ali, encostado à muralha, e entro em pânico ao pensar que estás mesmo ali, que partilhaste aquele sítio com outra pessoa. Mas depois percebo que não és tu. Não consigo fixar o olhar na areia mais do que alguns segundos, não consigo percorrer ao pormenor o trajecto que fizemos depois de mãos dadas naquele dia. Sou ferozmente assolada por momentos, por recordações esmagadoras. Sinto-me como se me tivessem, literalmente, arrrancado o coração do peito. Viro-me de costas para as nossas recordações, de frente para o mar azul, fecho os olhos e respiro fundo. No total, passaram apenas uns dois minutos desde que estaquei ali, mas eu decido que já chega e dou início ao caminho de volta, já com o queixo a tremer. Percebo que, por algum motivo, precisava de fazer aquilo. Estive ali, onde tudo começou, onde pela primeira vez te vi com um semblante sério e te ouvi dizeres-me "És linda, sabias?" enquanto me acariciavas o rosto e me seguravas nos teus braços. E estou inteira. Doeu como tudo, mas ainda estou inteira. Isso fez-me ter duas certezas. Talvez um dia voltemos a partilhar momentos como aquele, ali ou noutros sítios, talvez um dia tenha sítios novos com outras pessoas e aquele já só me faça sorrir, ou talvez nunca consiga realmente voltar ali sem sentir o coração despedaçar-se enquanto penso em ti, mas ao menos já sei que sobrevivo. A ti, a tanto de nós. A outra certeza? É simples, e gostava que soubesses... Eu ainda te amo.

4 comentários:

  1. Aconselho uma pausa sadia nesse amor tão intensamente vivido.. vais ter um retorno muito mais envolvente e intenso. Nada melhor que um tempo cheio de boas memórias, de um amor que ainda não morreu...cheio de sentidos ( cheiro, toque, olhar..) acredita se amas o amor nunca vai desaparecer ..pode ficar estagnado em vivências mas está sempre pronto a reacender! Acredita no amor.. só ele nos faz sentir vivas!

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  2. 'A outra certeza? É simples, e gostava que soubesses... Eu ainda te amo.'
    Sei tão bem, infelizmente, o que é sentir isso...

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  3. PetiteLarousse: essa pausa já vai longa... mais não posso fazer, não se pausam os sentimentos :) beijinho

    Artemisa: obrigada, assim que puder vou ver ;)

    Joana: oh somos duas entre milhares... já nem sei se passa, se não passa... whatever... beijinho querida*

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