Dear Cupid, next time hit both.









terça-feira, 25 de junho de 2013

Bang bang, you shot me down



A única coisa de que me arrependo é não ter sido eu a deixar-te primeiro. A ferir-te primeiro, a matar-te primeiro. Ainda não percebo como conseguiste disparar assim no coração que dedicou batidas ao teu sorriso, o coração que pus nas tuas mãos a acreditar que, por uma vez, ia ser aconchegado. Não foi. O tempo passa, são duas da manhã e enquanto a madrugada avança eu penso em ti. Em mil formas que podia ter usado para matar-te, para deixar-te no chão em que eu agora estou. O ponteiro do relógio percorre o mostrador e lembra-me que o tempo não parou, a vida não parou, nada parou por tu não estares, por me teres deixado aqui em vez de ainda me levares pela mão. Nada parou. Mas faz mais um minuto que tu não aceitaste a minha mão estendida e implorante pela tua. Faz mais um minuto que tu não me quiseste. Que me mataste. E outro, e mais outro. Que disparaste sobre o meu coração e foste, sem querer saber até que ponto foste certeiro, sem sequer olhar para trás para ver os estragos que fizeste. Sabes quantas batidas dá o meu coração agora por minuto? Menos, muito menos do que aquelas que dava quando me abraçavas e falavas da sorte que tinha sido encontrar-me. Como me arrependo de não ter sido eu a matar-te primeiro. Teria sido o crime perfeito…

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Final feliz o caralho

E depois há aqueles dias em que estou só  um bocado farta. Farto-me que a vida real não seja como nos filmes e que eles queiram fazer-nos acreditar que sim. Que a qualquer momento em que eu vou na minha corrida matinal um ciclista (giro, sempre giro) vai atropelar-me e nasce ali um amor à primeira vista. Ou que no instante em que eu me viro depois de receber a minha bebida no starbucks alguém esbarra comigo e me entorna por cima um cappuccino a ferver e plim, estamos apaixonados. Estas merdas não acontecem, garanto-vos eu, que me farto de ir ao starbucks e que nem me desvio dos ciclistas com que me cruzo nas corridas matinais. Também nunca seguro as minhas pilhas de livros com muita força, nunca se sabe quando alguém vai esbarrar contra nós e parece que só funciona se a pessoa tiver de ajudar-nos a apanhar tudo.
Uma vez disseram-me que a parte difícil não é esta. Que não é encontrar a pessoa, é depois, quando temos de fazer com que resulte. Pois eu digo: é o caralho. É como dizerem-me 'ah, o difícil não é encontrar a agulha no palheiro, é conseguir coser com ela!'. Eu posso ter aulas de costura sabem? Claro que pode haver mil formas de coser, mas quantos milhões de agulhas há no mundo? E que eu saiba não há aulas para aprender a procurar agulhas em palheiros. Sobretudo quando me dizem que 'o truque é não procurar'. Então eu fico aqui muito sossegadinha à espera que a agulha me caia aos pés. 
E ainda me dizem 'vais ter o teu final feliz!'. Pois eu digo: final feliz o caralho, eu quero ser feliz a vida inteira.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Devia ter-te feito mais promessas.



Devia ter-te feito mais promessas. Daquelas que se cumprem, ou das que nunca se cumprem, tanto faz. Devia ter-te prometido mais. Para depois te falhar. Promessas em silêncio, sobretudo, porque as que não se dizem são aquelas em que acreditamos mais. As que ferem mais, quando não são cumpridas. Mas esta promessa, a que te faço hoje, eu cumpro. Quero prometer-te tanta coisa ainda. Por exemplo, que nunca mais ponho o coração nas tuas mãos. Que não voltas a ver-me chorar, e que se voltares a ver-me sorrir, o meu sorriso não será para ti – prometo. Que não volto a passar noites sem dormir só para ficar ao teu lado. E que nunca mais cuido de ti enquanto dormes. Nunca mais te abraço. Prometo. Nunca mais enfio o braço por dentro do teu casaco para poder ficar mais perto de ti. Não volto a correr todos os supermercados só para encontrar as tuas bolachas preferidas, nunca mais te deixo recados no frigorífico para que saibas, uma vez por dia, que és importante. Não voltas a receber as minhas mensagens de bom dia. Nem o meu apoio antes de um exame complicado. Não volto a ouvir-te falar sobre a tua chefe e o quanto a odeias, nem a embalar-te porque descobriste que a pessoa mais importante da tua vida tem cancro. E lembras-te de como te rias comigo? Não vai voltar a acontecer. E também não voltas a fazer-me rir. Nunca mais emolduro uma das minhas fotografias para que possas pendurá-la no quarto e pensar em mim quando a vires. Nunca mais me emprestas uma camisola para dormir. Nem voltas a cheirar o meu perfume, e eu não deito mais a cabeça na tua almofada. Não há mais surpresas na mesa de cabeceira de manhã, nem pequenos-almoços na cama, nem corridas matinais pelo parque das conchas. Nunca mais cozinho para ti. Acabaram-se os vídeos, as séries, as idas ao cinema. Não voltas a ver fotografias minhas de quando era mais nova, e nunca vais saber o orgulho que ia ter quando te apresentasse a toda a gente. Nem o quanto queria que conhecesses todos os meus amigos. Nunca vais saber as lágrimas que chorei no ombro da minha melhor amiga, no peito do meu melhor amigo, a quantidade de vezes que agarrei o telemóvel porque achei que daquela vez podias ser tu. Nunca vais saber o quanto me doeu que nunca, nunca fosses tu. Que não me perguntasses, nem uma vez, “como estás?”. Não hei-de dizer-te que ainda te vejo em todo o lado e quantas vezes quase corri na direcção de outra pessoa qualquer por achar que eras tu. Nem as pessoas que já afastei porque me esmigalhaste o coração ao ponto de ele ficar inútil. Nunca vais saber que estou aqui por ti, nem que não teria voltado se soubesse que um dia não ias querer-me mais. Acabaram-se também os planos que nunca chegámos a concretizar. Não vais chegar a saber como gostava de levar-te à minha cidade preferida, e como ia preferi-la ainda mais contigo. E sabes todos os beijos que te dei? As coisas que fiz contigo? Os sítios onde fomos? Nunca mais.

Facebook: Matem o Cupido, por favor.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Hoje era só isto.



Hoje não queria ver-te. Nem que me visses. Não queria propriamente a tua voz forte a ficar suave no meu ouvido, nem a tua mão na minha cintura, nem o meu braço à volta da tua. Hoje não queria ir contigo ao cinema. Não queria um abraço, nem voltar a sentir os teus lábios a fecharem-se nos meus. Não queria que me fizesses rir. Não queria sequer uma das tuas gargalhadas, uma daquelas que era eu que provocava, sempre. Não, hoje eu não queria dizer-te o quanto gostava de ti, o quanto me fizeste feliz enquanto me deixaste acreditar, o quanto eu queria que fosses meu. Nem que não te esqueci. Hoje não te dizia sequer que ainda tenho saudades tuas. Não queria que me dissesses que tens saudades minhas. Nem que nunca houve ninguém igual a mim. Hoje não queria os teus olhos claros demorados nos meus, nem adormecer com a cabeça no teu peito, nem os teus braços a apertarem o meu corpo noite fora como se nunca o fossem largar. Não queria, sequer, um pedido de desculpas. Não. Hoje eu queria que tu me dissesses, simplesmente, “procurei-te só para saber que estavas bem”. Só isso. E chegava para me sossegar o coração.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O pior é quando deixamos de querer.

O pior é quando deixamos de querer. Quando o ar já não fica a meio dos pulmões à espera do sinal para sair, quando os pêlos dos braços já não se levantam porque nos tocam, quando os dedos já não se entrelaçam assim que nos agarram a mão. É pior, muito pior, quando deixamos de querer. Até lá não se dorme, não se ri, vive-se inquieto porque o tanto que se quer não chega para se ter. Vive-se no morno porque o que se tem não chega para o que se quer, na pressa dos dias porque eles nunca passam a horas. Mas vive-se, por ali, entre o bem e o mal. Pior… pior é quando deixamos de querer. Quando deixamos de viver, bem ou mal, para viver assim-assim. Quando deixamos de viver no morno para viver no frio. Quando já se dorme, porque já ninguém faz falta ao ponto de ficar acordado a sonhar. É pior quando se deixa de sonhar, pior quando não fomos abraçados o suficiente para que continuássemos a sonhar. É pior quando paramos de esperar. Quando já não se espera as mensagens que sabemos que não vão chegar, quando não corremos para os braços que já não esperamos que nos apertem. E quando encostamos a cabeça na almofada, porque sabemos que o peito em que ela descansava não nos embala como antes. E dormimos, sem embalo, sem abraço, assim-assim, frios, quietos. E o que podia ser menos mau não é… porque dói não ter, não saber, não poder. Mas pior? Pior é que nos larguem a mão ao ponto de já não querermos mais que a segurem. Pior, muito pior, é quando deixamos de querer.