Dear Cupid, next time hit both.









terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Happiness, more or less

Eu ainda tento conter-me nas palavras e não te digo que tive qualquer coisa parecida com saudades tuas. Porque saudade é uma palavra muito pesada, carrega consigo o amor, a dor, nostalgia, passado, recordações, lágrimas, sorrisos. Associo sempre "saudade" a coisas que não volto a ter. Mas os meus gestos denunciam que já sentia um bocadinho a tua falta, quando os meus dedos te roçam os pêlos da barba de cinco dias e se passeiam até à tua nuca e eu encosto o rosto ao teu pescoço para te aspirar o odor da pele. E eu já tenho a certeza que o meu coração começa a bater mais rápido quando te limitas a cravar o olhar no meu e ficas ali, a mão a deslizar pelo meu cabelo e o polegar a desenhar-me os contornos da boca, os lábios entreabertos num murmúrio - "Os teus olhos matam-me...". E eu quero dizer-te que não, que quem me mata és tu e eu acho que tu nem sonhas, que me paralisas e me enches o estômago de borboletas e de receios e que moves o meu Mundo como nunca mais tinha acontecido. E que é bom.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E eu danço à chuva e penso em ti.

Oh, a vida às vezes é chata, mas depois às vezes é fantástica. Às vezes moem-nos o coração, às vezes perdemos a fé e pensamos "esquece lá isso, nunca vou encontrar uma pessoa que volte a fazer-me sentir aquilo", e depois às vezes aparece alguém como tu e nós pensamos "wow!". E temos medo, sim. Medo de já não sermos capazes, ou medo de estarmos assim a peito aberto. Porque ainda não te abri o meu peito mas planeio fazê-lo um dia, mas e se depois eu não estou no teu? Eu gostava que fosses tu. Estou cansada de procurar, e de inícios (ainda mais) complicados (do que este). O que é certo é que tu me fazes andar à chuva e eu nem quero saber que ela me ensope os ténis novos, ou se pensam que sou tolinha por andar na rua a rir. Fazes ideia? Da quantidade de vezes que me têm perguntado "mas tu ris-te sozinha...?" e que eu tenho respondido "por acaso rio-me sim, e também falo sozinha muitas vezes!". O que eles não sabem é que eu rio para ti e falo contigo na minha cabeça. E digo-te todas as coisas que um dia ainda espero dizer-te, e respondo-te a todas as coisas que um dia ainda espero ouvir de ti. E este é o primeiro texto que te escrevo, e eu espero ainda vir a escrever-te muitos. Porque a vida às vezes é uma chata, mas depois às vezes é fantástica e mete-nos no caminho pessoas como tu.

P.S.: Caso não tenham reparado, o Tardes de Chuva e Chocolate adoptou o espírito natalício. Depois do Dia de Reis há-de voltar ao normal.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Letter to the person that gave you your favourite memory.

Still a little bit of your taste in my mouth
Still a little bit of you laced with my doubt
It's still a little hard to say what's going on...
*
De vez em quando, ainda me permito uns minutos para pensar em nós. No fundo tu acompanhas-me muitas vezes, mas és mais como uma voz no fundo da minha alma, como uma mão que me afaga o coração e não o deixa arrefecer, em vez de me correres no pensamento. Mas de vez em quando, muito de vez em quando, ainda me apetece correr para ti e levar-te comigo, parar o carro à tua porta, buzinar e gritar-te "entra!", tu entravas a perguntar onde íamos e eu dizia-te apenas "vamos para onde éramos felizes", íamos para o nosso sítio e seria tudo como se nunca se tivesse criado este abismo entre nós. Mas isto é só de vez em quando. Porque eu passo a grande maioria do tempo na vida real, aquela em que existe o abismo e tu estás do outro lado. Aquela em que o mundo continua a girar, embora eu ache que, agora, ele gira no sentido oposto. Aquela em que as coisas nunca se encaixam porque me faltas tu, mas que continua a correr - aliás, que corre como nunca. Por isso, de vez em quando, permito-me pensar em nós. Porque a verdade é que, mesmo com o abismo, tu deste-me as melhores recordações que eu tenho. Algumas delas são também as mais dolorosas mas, acima de tudo, são as melhores. Ainda há um bocadinho do teu sorriso que vejo quando fecho os olhos, ainda sinto um bocadinho os teus lábios contra aos meus, ainda ouço um bocadinho a tua voz no meu ouvido e ainda consigo perder-me um bocadinho no conforto em que o teu abraço me envolvia, ainda nos vejo um bocadinho naqueles sítios que eram nossos, as mãos dadas e os rostos colados como se o Mundo fosse nosso. E eu só posso aspirar a um dia voltar a amar assim(embora eu ache impossível que isso aconteça), e ter com alguém uma coisa parecida com o que nós tivemos. E aí sim, eu serei a pessoa mais feliz do Mundo.

#LETTER TO THE PERSON THAT GAVE YOUR FAVOURITE MEMORY

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hearts are broken everyday


"Todos temos em algum momento um coração partido. Rasgaram-nos a pele sem a mínima contenção pelos estragos que pudessem ser causados. Foderam-nos a razão, a emoção e tudo o que de mais veio à mão. Sem dó nem piedade, deixaram-nos na merda. Somos infelizes naqueles momentos que se seguem. Incapazes de sorrir ou tolerar a companhia seja de quem for. Só nos suportamos a nós, e mesmo assim a custo. Vemos o nosso reflexo no espelho e o que este nos retribui é uma figura pálida, triste e nua que nos olha com aqueles olhos que já nada sentem.
Como é possível que alguém nos mate e mesmo assim nos deixe com vida, com o único propósito de assistirmos a esta merda de existência? Começamos a questionar o que é o amor, o que é a paixão, começamos a racionalizar o porquê, o quando e o como. Não vale a pena, é o que é, foi o que foi. E o que resulta é isto. O nosso reflexo no espelho. Uma figura escanzelada, desprovida de compaixão própria. Mera existência que agora somos.
Achamos que nunca vai acabar. Somos a personificação do sofrimento. Até a um dia. Um dia olhamos para o espelho e vemos um sorriso. Questionamos, o que raio está aquilo ali a fazer. Intrigados sorrimos de novo só para o ver. É genuíno. Temos prazer no sorriso. No dia seguinte descobrimos a razão. Estamos livres. Somos nós novamente. Não há mais dor. Acabou. Não morremos.
Até ao dia. Em que nos tocam e ficamos a olhar para aquela pele que toca na nossa e nos sentimos a sorrir novamente. Merda, e agora? Vamos passar por tudo novamente? Mas agora é diferente, não sentimos dor, mas um sufoco. Questionamos e agimos como parvos que perderam o jeito para andar. Tropeçamos em nós próprios e tentámos a custo aguentarmo-nos. Onde havia dor há agora parvoíce. Mas sentimo-nos vivos. O nosso reflexo ganha cor, ganha existência, sorri-nos de volta."


Tirado daqui. Adorei. Sinto-me parva... cheia de parvoíce.