Dear Cupid, next time hit both.









terça-feira, 15 de outubro de 2013

Nós, em vez de eu e tu

Há chuva a bater no vidro como se fosse música, e pássaros a correr o céu como se fosse tarde. Há cheiro a saudades no ar. E, de repente, uma vontade de dizer-te que a nossa história vai ser a melhor. A nossa história, feita de trambolhões e cabeçadas, vai ser a mais bonita e a menos razoável. É a história em que eu estava, nem bem nem mal; estava, e tu vieste tão devagar, sem espada nem cavalo branco nem nada, que eu nem notei e não pude senão deixar que me salvasses de mim mesma. Nem pude senão agarrar a tua mão e não te deixar mais cair. Não sem mim, pelo menos. De repente, uma vontade de dizer-te que, se cairmos, caímos juntos. A partir de agora é sempre assim. Não tens o direito de cair sem mim, nem eu danço à chuva se não estiveres por perto. De repente, a nossa história é a melhor porque, de repente, é assim. Somos nós, em vez de eu e tu. A voar, em vez de a correr. E a partir de agora, meu amor, a partir de agora é sorrir... é sorrir, em vez de chorar.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Fica mais um pouco, amor.



Fica mais um pouco, amor. Fica, para que te conte como é acordar ao teu lado, para que te diga que importas acima de tudo, para que te explique o quanto gosto de ti. Hoje já é tarde, mas se ficares eu deixo-me estar nos teus braços e aperto-te também nos meus. Fica, porque quero as pernas entrelaçadas nas tuas, a cabeça no teu peito e o coração a bater mais rápido por ti. Fica por muito tempo. Ou então fica o suficiente. Fica o que chegue para saberes de mim, para saberes que o pôr-do-sol é a minha altura preferida do dia, que as minhas torradas têm sempre manteiga a mais, que o meu chá preferido é o de menta. Que não conheço cheiro melhor do que o da terra depois da chuva ou o da relva acabada de cortar. Fica o que chegue para me falares de ti. Espera, não vás já. Não vás e eu ando de mãos dadas contigo, mesmo quando não souber o caminho, armo-me de espada e cavalo branco e enfrento o mundo, ou vou a pé onde for preciso para ver-te sorrir. Fica, e eu fico acordada até mais tarde para ouvir um pouco mais a tua voz. Fica. Deixa-me que te conte como foi bom ter-te encontrado, como é boa a sensação de as coisas terem, finalmente, um sentido que antes lhes faltava. Deixa-me que te fale da falta que fazes quando não estás. E de como não quero nem mais um dia sem saber de ti. E ainda há tanto para aprendermos. Fica, amor... Não vás já.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A ti, eu quero-te na mesma.



Disseram-me uma vez que o difícil não é encontrar a pessoa certa, que o difícil é depois fazer com que resulte. O caralho é que não é difícil encontrar a pessoa certa. Mais, quando achamos que encontramos a pessoa certa, é difícil perceber se o nosso discernimento está certo ou se estamos só tapadinhos mais uma vez, como em tantas outras vezes em que uma forma de miopia quase fulminante se abateu sobre nós. Cabrão do coração, sempre a cegar-nos nos momentos mais impróprios. A verdade é que, a ti, eu não tive de procurar. Estiveste sempre por aqui, menos perto durante muito tempo e muito mais perto depois, mais perto do que nunca agora. E a verdade é também que não tenho como saber se és mesmo a pessoa certa. Tenho como me perguntar como é que algo que apareceu numa altura tão errada parece tão certo, tenho como rir desse filho da mãe que é o destino e da mania que tinha de achar que éramos diferentes demais. Agora já só és diferente o suficiente, e sobretudo diferente demais de tudo o resto que tive na minha vida até agora. Agora já só me pareces certo, porque não há como não achar certo quem faz com que queiramos ser pessoas melhores, quem faz de nós pessoas melhores. Não há como não achar certo quem nos ampara quedas, quem nos dá a mão e nos ajuda a levantar, quem nos guia se não conseguirmos ver, quem nos dá colo se ficarmos sem chão. E os trambolhões e cabeçadas que já demos os dois, um com o outro, um no outro, fizeram-me ver que sim, também pode ser difícil fazer com que resulte. Mas a ti, não há como não te querer, por ti não há como não correr à chuva, não há como não apanhar o avião no último minuto, não há como não dar o coração para que resulte. A ti eu quero-te ao meu lado, sem tentar fugir, e com beijo de boas noites mesmo quando conseguires mais uma vez (e vais conseguir) tirar-me a razão. A ti eu quero-te na mesma, certo ou errado, longe ou perto. E a ti eu vou buscar-te onde fores, porque toda a distância é mínima perto da minha vontade de encontrar-te.

Facebook: Matem o Cupido, por favor.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Só hoje.



Hoje quero dizer-te uma coisa. Quero dizer-te pela enésima vez que gosto de ti e pela primeira vez que “gosto de ti” não faz justiça. Que me disseram que um dia ia apaixonar-me de repente e que aí ia ser de vez e que eles estavam errados, porque eu não me apaixonei de repente por ti. Quero dizer-te que foi devagarinho, que quase não dei por nada e que bem que podia ter tropeçado em ti que não teria tido a mesma piada; tivemos mais piada assim. Hoje quero pedir-te que fiques. Que fiques sem pressas, sem armas, sem farsas. Que fiques de manhã, à tarde e à noite, com sol ou com chuva, com frio e com neve. Que fiques devagar, sem problemas ou com eles, porque se eles vierem eu fico e dou-te a mão, puxo-te, empurro-te, levo-te ao colo, empresto-te um lenço se for preciso. Fica, e eu prometo-te dias bons e que não fujo nos dias maus. Fica também nos meus dias maus. Fica nas madrugadas. Não me enganes. Fica, gosta-me de forma a que “gosto de ti” também não chegue, e não mo digas só; mostra-me. Hoje quero dizer-te tanto. Que podemos ser Yin e Yang, 8 e 80, mas que talvez sejas o meu um num milhão. Que espero nunca ter de esquecer-te e que nem sei como se esquece alguém como tu. Fica, e eu prometo que apanho granadas por ti, que fico de manhã, à tarde e à noite, que faço valer a pena. Hoje quero dizer-te uma coisa: gosto de ti.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Não me apeteces mais.

Não me apetece mais escrever-te.
Não me apetece mais pensar-te, nem amar-te, nem sonhar-te - tenho mais com quem sonhar. Já não te quero provar para ver se ainda sabes ao mesmo. Não quero a minha mão na tua, afinal elas não encaixavam assim tão bem. E não me apetece já a minha cabeça no teu peito, repousada, embalada noite fora. Ela descansa muito melhor noutro abraço. Apetece-me não chorar, não mais, nunca mais. Apetece-me sorrir sem que sejas tu a causa ou o impedimento. Apetece-me palavras que nunca quiseste dizer-me. Apetece-me dar(-lhe) tudo o que tu recusaste. Apetece-me, assim de repente, todo o tempo do mundo, porque o que perdi contigo chegou-me para uma vida. E a mim apetece-me a vida. Apetece-me o mundo. E amar. Mas tu? Não me apeteces mais.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Hoje perguntaram-me o que eu queria. Simples.



Eu queria mais uma noite sem dormir ao teu lado. Queria sentir-te o peito a subir e a descer enquanto respiras, ter a pele do rosto contra a do teu ombro, ver o contraste das cores nos braços entrelaçados. Não me preocupar em pentear o emaranhado de cabelos que se colavam ao meu pescoço, nem com o peso que fazia a tua perna por cima das minhas. Não me preocupar com a possibilidade de agora ser outra a cara que vês de manhã, de ser outra a respiração em sintonia com a tua, de outros olhos pousarem na perfeição que eram os teus lábios enquanto dormias. Queria ainda ser eu. Ainda ser eu a arrancar-te facilmente o riso desapegado da garganta. E queria ainda rir contigo, ou pelo menos rir contigo mais do que choro sem ti. Queria-te comigo. Mais rico ou mais pobre, com mais ou menos cabelo, mais alto ou ainda sem que pudesse usar saltos ao teu lado. Queria-te menos politicamente correcto e mais loucamente apaixonado, queria-te num acto de loucura e (des)apego, e que não me tivesses deixado ir. Queria que me fizesses voltar. Queria-te assim, assim ou de qualquer maneira, com o teu jeito ou com outro qualquer. Queria-te a ti, a ti, que me fizeste achar que tinha o coração em boas mãos para depois o deixares cair. Queria que o apanhasses, que não me deixasses mais tropeçar nele e que me levasses pela mão. Queria-te a ti, a nós. Queria-nos a nós.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Desculpa não te ter dado o mundo.



A mim sempre me disseram que a culpa é dos dois quando uma relação não funciona. Então desculpa. Desculpa se as músicas que te cantava eram parcas em palavras e nunca percebeste tudo o que significavas. Desculpa se não sabes que eu dava alguns dos meus dias para ainda estar contigo, o meu orgulho impediu-me de to dizer depois de não me quereres mais. Desculpa se nunca soubeste que eras importante a este ponto para alguém, mesmo com todos os teus defeitos pelo meio. Desculpa as noites que passei sem dormir e sem me importar com isso, porque o teu braço por cima de mim valia por cem horas do meu sono. Desculpa tudo o que deixei de fazer para ter mais um par de horas ao teu lado. E a saliva que gastei a fazer-te rir e não a beijar-te – o teu riso fazia-me tão feliz, desculpa. E desculpa se não escondi completamente as minhas falhas. Peço desculpa por todas as páginas da nossa história que deixei em branco por estar ocupada demais a vivê-la e a achar que desta vez era a sério. Desculpa também por nunca ter dito que iria contigo para onde tu fosses, não queria assustar-te. Desculpa a força com que costumava segurar a tua mão - tinha medo que largasses a minha. E desculpa não ter dito a verdade, não ter dito que voltei para ti, por ti, por nós. Desculpa ter acreditado tanto, e ter esquecido tão pouco até agora. Talvez também tenha sido eu. Eu e a minha mania de gostar demais, de querer demais, de mostrar demais. Então desculpa. Desculpa não te ter dado o mundo – ele estava na mão que tu não quiseste mais segurar.

Escrito ao som de White blank page - Mumford & Sons.