Eu queria mais uma noite sem dormir ao teu lado. Queria
sentir-te o peito a subir e a descer enquanto respiras, ter a pele do rosto
contra a do teu ombro, ver o contraste das cores nos braços entrelaçados. Não
me preocupar em pentear o emaranhado de cabelos que se colavam ao meu pescoço,
nem com o peso que fazia a tua perna por cima das minhas. Não me preocupar com
a possibilidade de agora ser outra a cara que vês de manhã, de ser outra a
respiração em sintonia com a tua, de outros olhos pousarem na perfeição que
eram os teus lábios enquanto dormias. Queria ainda ser eu. Ainda ser eu a
arrancar-te facilmente o riso desapegado da garganta. E queria ainda rir
contigo, ou pelo menos rir contigo mais do que choro sem ti. Queria-te comigo.
Mais rico ou mais pobre, com mais ou menos cabelo, mais alto ou ainda sem que
pudesse usar saltos ao teu lado. Queria-te menos politicamente correcto e mais
loucamente apaixonado, queria-te num acto de loucura e (des)apego, e que não me
tivesses deixado ir. Queria que me fizesses voltar. Queria-te assim, assim ou
de qualquer maneira, com o teu jeito ou com outro qualquer. Queria-te a ti, a
ti, que me fizeste achar que tinha o coração em boas mãos para depois o
deixares cair. Queria que o apanhasses, que não me deixasses mais tropeçar nele
e que me levasses pela mão. Queria-te a ti, a nós. Queria-nos a nós.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
Desculpa não te ter dado o mundo.
A mim sempre me disseram que a culpa é dos dois quando uma
relação não funciona. Então desculpa. Desculpa se as músicas que te cantava
eram parcas em palavras e nunca percebeste tudo o que significavas. Desculpa se
não sabes que eu dava alguns dos meus dias para ainda estar contigo, o meu
orgulho impediu-me de to dizer depois de não me quereres mais. Desculpa se
nunca soubeste que eras importante a este ponto para alguém, mesmo com todos os
teus defeitos pelo meio. Desculpa as noites que passei sem dormir e sem me
importar com isso, porque o teu braço por cima de mim valia por cem horas do
meu sono. Desculpa tudo o que deixei de fazer para ter mais um par de horas ao teu
lado. E a saliva que gastei a fazer-te rir e não a beijar-te – o teu riso
fazia-me tão feliz, desculpa. E desculpa se não escondi completamente as minhas
falhas. Peço desculpa por todas as páginas da nossa história que deixei em
branco por estar ocupada demais a vivê-la e a achar que desta vez era a sério. Desculpa
também por nunca ter dito que iria contigo para onde tu fosses, não queria
assustar-te. Desculpa a força com que costumava segurar a tua mão - tinha medo
que largasses a minha. E desculpa não ter dito a verdade, não ter dito que
voltei para ti, por ti, por nós. Desculpa ter acreditado tanto, e ter esquecido
tão pouco até agora. Talvez também tenha sido eu. Eu e a minha mania de gostar
demais, de querer demais, de mostrar demais. Então desculpa. Desculpa não te
ter dado o mundo – ele estava na mão que tu não quiseste mais segurar.
Escrito ao som de White blank page - Mumford & Sons.
terça-feira, 9 de julho de 2013
A mais dura das verdades
Perto dos 30 sinto que já posso fazer uma introspecção a
nível pessoal e, sobretudo, emocional. Analisar as nossas relações falhadas pode
ser tão doloroso como raspar os cotovelos no alcatrão, e dar-nos uma visão tão
óbvia das coisas como se tivéssemos andado por aí com umas lentes de dioptria
0.5 quando na verdade precisávamos de umas com 5.0. E eu demorei muito a ver e,
sobretudo, a acreditar naquela que provavelmente é a mais cruel das verdades:
quem gosta de nós trata-nos bem. É tão linear quanto isto, a menos que a outra
metade da laranja tenha traços psicopatas. Quem gosta de nós importa-se, preocupa-se,
procura-nos, liga-nos. Nunca fica sem bateria, nem sem rede, e nunca perde o
telemóvel convenientemente a meio de uma noitada. Quem gosta de nós quer estar
connosco, independentemente do cansaço, do que tenha para fazer, da hora que
for ou da chuva lá fora. Quem gosta de nós mostra-o. Faz planos. Apresenta-nos
a família e os amigos. Quem gosta de nós pergunta-nos como foi o dia e ouve a
resposta. Sabe qual é o nosso chocolate preferido e quando precisamos daquele
abraço. Tira-nos uma fotografia só para poder ver-nos quando não estamos e
liga-nos só para ouvir a nossa voz. Quem gosta de nós dorme melhor connosco e
não vai embora sem um beijo de bons dias. Quem gosta de nós fica, e não nos
deixa ir.
É esta a mais dura das verdades. Quem gosta não tem medo que
seja maior do que um sentimento, nem vergonha mais forte do que uma declaração
de amor. Nem sequer incerteza maior do que a vontade de ficar. Quem gosta até
pode perder-se, mas sabe sempre para onde quer voltar.
(inspirado num texto qualquer não sei de quem.)
quarta-feira, 3 de julho de 2013
A outra dimensão da saudade.
Mais do que de rir contigo. Mais do que de adormecer com o
teu braço por cima, de andar nas ruas com os dedos entrelaçados e mais do que
de pousar a cabeça no teu ombro e sentir-me em paz. Mais do que da tua boca,
mais do que de saber de cor a tua voz porque tu ainda não me tinhas feito esquecê-la.
Muito mais do que dos teus dedos a enrolar madeixas do meu cabelo. Mais do que
da tua mão a embalar-me com cuidado. Mais do que das tuas palavras sensatas,
mais do que das carinhosas, muito mais do que das manhãs preguiçosas a ver
televisão. Mais do que de ter-te à distância de um telefonema. Mais do que do teu
cheiro, do que de dormir na tua cama, do que do teu beijo de despedida de
manhã. Mais do que de vestir as tuas camisolas. Mais do que de ti. Mais do que
de nós, tenho saudades da altura em que eu não sabia sequer o teu nome. Dos
dias em que ainda não te tinha provado. Em que passava pela vida, morna, feliz,
porque nunca tinha conhecido uma pessoa como tu, mas também nunca tinha ficado
sem ti. Tenho saudades.
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