Dear Cupid, next time hit both.









terça-feira, 9 de julho de 2013

A mais dura das verdades



Perto dos 30 sinto que já posso fazer uma introspecção a nível pessoal e, sobretudo, emocional. Analisar as nossas relações falhadas pode ser tão doloroso como raspar os cotovelos no alcatrão, e dar-nos uma visão tão óbvia das coisas como se tivéssemos andado por aí com umas lentes de dioptria 0.5 quando na verdade precisávamos de umas com 5.0. E eu demorei muito a ver e, sobretudo, a acreditar naquela que provavelmente é a mais cruel das verdades: quem gosta de nós trata-nos bem. É tão linear quanto isto, a menos que a outra metade da laranja tenha traços psicopatas. Quem gosta de nós importa-se, preocupa-se, procura-nos, liga-nos. Nunca fica sem bateria, nem sem rede, e nunca perde o telemóvel convenientemente a meio de uma noitada. Quem gosta de nós quer estar connosco, independentemente do cansaço, do que tenha para fazer, da hora que for ou da chuva lá fora. Quem gosta de nós mostra-o. Faz planos. Apresenta-nos a família e os amigos. Quem gosta de nós pergunta-nos como foi o dia e ouve a resposta. Sabe qual é o nosso chocolate preferido e quando precisamos daquele abraço. Tira-nos uma fotografia só para poder ver-nos quando não estamos e liga-nos só para ouvir a nossa voz. Quem gosta de nós dorme melhor connosco e não vai embora sem um beijo de bons dias. Quem gosta de nós fica, e não nos deixa ir.
É esta a mais dura das verdades. Quem gosta não tem medo que seja maior do que um sentimento, nem vergonha mais forte do que uma declaração de amor. Nem sequer incerteza maior do que a vontade de ficar. Quem gosta até pode perder-se, mas sabe sempre para onde quer voltar.

(inspirado num texto qualquer não sei de quem.)

4 comentários:

  1. Gostei muito, muito, muito deste texto. Felizmente, vivo uma relação que contempla tudo o que referes como "quem gosta". Não foi cedo que apareceu, mas foi muito óbvio. E é isso que dita o amor, parece-me - não haver lugar a falsas ilusões e tudo isto que indicas ser mais que natural e nem sequer ser questionável.

    A tua conclusão pode ter chegado tarde, mas chegou. Agora certamente verás bem melhor o que tens a teu lado. A vida ensina; nós é que, por vezes, não queremos aprender. Espero que a tua lição, embora duramente aprendida, valha para não mais voltares às baixas dioptrias. ;)

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  2. eu já com 30 nem sempre acredito nisso :(

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  3. Pena que por vezes demoramos tanto a aprender, mas o importante é aprender.

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  4. Inspirado num texto do Alvin, que sei quase de cor. So true.
    V.

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