Dear Cupid, next time hit both.









segunda-feira, 17 de junho de 2013

Devia ter-te feito mais promessas.



Devia ter-te feito mais promessas. Daquelas que se cumprem, ou das que nunca se cumprem, tanto faz. Devia ter-te prometido mais. Para depois te falhar. Promessas em silêncio, sobretudo, porque as que não se dizem são aquelas em que acreditamos mais. As que ferem mais, quando não são cumpridas. Mas esta promessa, a que te faço hoje, eu cumpro. Quero prometer-te tanta coisa ainda. Por exemplo, que nunca mais ponho o coração nas tuas mãos. Que não voltas a ver-me chorar, e que se voltares a ver-me sorrir, o meu sorriso não será para ti – prometo. Que não volto a passar noites sem dormir só para ficar ao teu lado. E que nunca mais cuido de ti enquanto dormes. Nunca mais te abraço. Prometo. Nunca mais enfio o braço por dentro do teu casaco para poder ficar mais perto de ti. Não volto a correr todos os supermercados só para encontrar as tuas bolachas preferidas, nunca mais te deixo recados no frigorífico para que saibas, uma vez por dia, que és importante. Não voltas a receber as minhas mensagens de bom dia. Nem o meu apoio antes de um exame complicado. Não volto a ouvir-te falar sobre a tua chefe e o quanto a odeias, nem a embalar-te porque descobriste que a pessoa mais importante da tua vida tem cancro. E lembras-te de como te rias comigo? Não vai voltar a acontecer. E também não voltas a fazer-me rir. Nunca mais emolduro uma das minhas fotografias para que possas pendurá-la no quarto e pensar em mim quando a vires. Nunca mais me emprestas uma camisola para dormir. Nem voltas a cheirar o meu perfume, e eu não deito mais a cabeça na tua almofada. Não há mais surpresas na mesa de cabeceira de manhã, nem pequenos-almoços na cama, nem corridas matinais pelo parque das conchas. Nunca mais cozinho para ti. Acabaram-se os vídeos, as séries, as idas ao cinema. Não voltas a ver fotografias minhas de quando era mais nova, e nunca vais saber o orgulho que ia ter quando te apresentasse a toda a gente. Nem o quanto queria que conhecesses todos os meus amigos. Nunca vais saber as lágrimas que chorei no ombro da minha melhor amiga, no peito do meu melhor amigo, a quantidade de vezes que agarrei o telemóvel porque achei que daquela vez podias ser tu. Nunca vais saber o quanto me doeu que nunca, nunca fosses tu. Que não me perguntasses, nem uma vez, “como estás?”. Não hei-de dizer-te que ainda te vejo em todo o lado e quantas vezes quase corri na direcção de outra pessoa qualquer por achar que eras tu. Nem as pessoas que já afastei porque me esmigalhaste o coração ao ponto de ele ficar inútil. Nunca vais saber que estou aqui por ti, nem que não teria voltado se soubesse que um dia não ias querer-me mais. Acabaram-se também os planos que nunca chegámos a concretizar. Não vais chegar a saber como gostava de levar-te à minha cidade preferida, e como ia preferi-la ainda mais contigo. E sabes todos os beijos que te dei? As coisas que fiz contigo? Os sítios onde fomos? Nunca mais.

Facebook: Matem o Cupido, por favor.

4 comentários:

  1. Podia ter sido eu a escrever um texto como este :/

    Ana

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  2. nunca mais... É um nunca mais que dói tanto...

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  3. É mesmo caso de matar a m**** do cupido =/ há quem não tenha noção do quão pode ser importante para alguém... e isso dói!

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  4. Ana: podíamos ter sido tantos...

    Anónimo: há-de parar de doer, chega sempre esse dia.

    Margaret: mais do que não terem noção, desperdiçam-no...

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