Devia ter-te feito mais promessas. Daquelas que se cumprem,
ou das que nunca se cumprem, tanto faz. Devia ter-te prometido mais. Para
depois te falhar. Promessas em silêncio, sobretudo, porque as que não se dizem
são aquelas em que acreditamos mais. As que ferem mais, quando não são
cumpridas. Mas esta promessa, a que te faço hoje, eu cumpro. Quero prometer-te
tanta coisa ainda. Por exemplo, que nunca mais ponho o coração nas tuas mãos.
Que não voltas a ver-me chorar, e que se voltares a ver-me sorrir, o meu
sorriso não será para ti – prometo. Que não volto a passar noites sem dormir só
para ficar ao teu lado. E que nunca mais cuido de ti enquanto dormes. Nunca
mais te abraço. Prometo. Nunca mais enfio o braço por dentro do teu casaco para
poder ficar mais perto de ti. Não volto a correr todos os supermercados só para
encontrar as tuas bolachas preferidas, nunca mais te deixo recados no
frigorífico para que saibas, uma vez por dia, que és importante. Não voltas a
receber as minhas mensagens de bom dia. Nem o meu apoio antes de um exame
complicado. Não volto a ouvir-te falar sobre a tua chefe e o quanto a odeias,
nem a embalar-te porque descobriste que a pessoa mais importante da tua vida
tem cancro. E lembras-te de como te rias comigo? Não vai voltar a acontecer. E
também não voltas a fazer-me rir. Nunca mais emolduro uma das minhas
fotografias para que possas pendurá-la no quarto e pensar em mim quando a
vires. Nunca mais me emprestas uma camisola para dormir. Nem voltas a cheirar o
meu perfume, e eu não deito mais a cabeça na tua almofada. Não há mais
surpresas na mesa de cabeceira de manhã, nem pequenos-almoços na cama, nem
corridas matinais pelo parque das conchas. Nunca mais cozinho para ti.
Acabaram-se os vídeos, as séries, as idas ao cinema. Não voltas a ver
fotografias minhas de quando era mais nova, e nunca vais saber o orgulho que ia
ter quando te apresentasse a toda a gente. Nem o quanto queria que conhecesses
todos os meus amigos. Nunca vais saber as lágrimas que chorei no ombro da minha
melhor amiga, no peito do meu melhor amigo, a quantidade de vezes que agarrei o
telemóvel porque achei que daquela vez podias ser tu. Nunca vais saber o quanto
me doeu que nunca, nunca fosses tu. Que não me perguntasses, nem uma vez, “como
estás?”. Não hei-de dizer-te que ainda te vejo em todo o lado e quantas vezes
quase corri na direcção de outra pessoa qualquer por achar que eras tu. Nem as
pessoas que já afastei porque me esmigalhaste o coração ao ponto de ele ficar
inútil. Nunca vais saber que estou aqui por ti, nem que não teria voltado se
soubesse que um dia não ias querer-me mais. Acabaram-se também os planos que
nunca chegámos a concretizar. Não vais chegar a saber como gostava de levar-te
à minha cidade preferida, e como ia preferi-la ainda mais contigo. E sabes todos
os beijos que te dei? As coisas que fiz contigo? Os sítios onde fomos? Nunca
mais.
Facebook: Matem o Cupido, por favor.
Facebook: Matem o Cupido, por favor.
Podia ter sido eu a escrever um texto como este :/
ResponderEliminarAna
nunca mais... É um nunca mais que dói tanto...
ResponderEliminarÉ mesmo caso de matar a m**** do cupido =/ há quem não tenha noção do quão pode ser importante para alguém... e isso dói!
ResponderEliminarAna: podíamos ter sido tantos...
ResponderEliminarAnónimo: há-de parar de doer, chega sempre esse dia.
Margaret: mais do que não terem noção, desperdiçam-no...