Dear Cupid, next time hit both.









sexta-feira, 11 de março de 2011

Às vezes odeio fazer de conta.


Acho que as nossas vidas ficaram piores desde que a moda das comédias românticas pegou. Importa lá que seja um dos meus géneros de filme preferidos, mesmo assim odeio comédias românticas. Porque vieram só para nos fazerem sonhar. Pior, para nos fazerem viver na (des)ilusão. Nas comédias românticas, há sempre uma protagonista gira, independente, inteligente e com um trabalho giro, como chefe de cozinha, escritora, dona de uma pastelaria/livraria/florista/whatever. Claro que ela nunca encontrou o amor e isso faz com que, de imediato, o público torça por ela. No seguimento desta ideia, é frequente que essa protagonista tenha características particulares/momentos do dia-a-dia que lhe atribuam um charme especial - é super distraída, esquecida, insegura, tropeça em tudo, deixa cair coisas, fica com pastilha colada nos sapatos, cai em pleno super mercado, cruza-se com o ex-namorado e a respectiva noiva linda de morrer, pisa cocó de cão na rua e fala sozinha o tempo todo - tudo isto de maneira gira, fofinha, encantadora. Eventualmente, conhece um gajo giro, modesto, inteligente, fiel, com um emprego estável, simpático, que fica de olho nela e, algumas peripécias depois, ficam juntos. No máximo, há uma ex que não o deixa, ou um ex por quem ela ainda suspira o tempo todo, num amor não correspondido que termina, como por magia, quando o gajo giro e modesto e etc. a convida para um café - ah, nas comédias românticas eles não se conhecem no facebook, esbarram um no outro e ela deixa cair tudo (até porque é desastrada e ele acha logo isso o máximo) e lá acabam, de uma maneira ou de outra, por trocar contactos (ele até se torna cliente fixo do restaurante/livraria/pastelaria/florista). E são estas merdas que me fodem, passo a expressão. Na vida real não há nada destas porras. Na vida real, eu até posso ser agradavelzinha à vista e remotamente inteligente, mas não tenho um trabalho giro e o facto de passar a vida a esquecer-me de coisas e a baralhar tudo, a tropeçar e a deixar cair coisas, a pisar cocó e a falar sozinha não me atribui charme nenhum e não tem rigorosamente nada de adorável. Da parte do gajo giro, inteligente, fiel e modesto que fica por perdido por nós, comuns mortais que tropeçam e pisam cocós, nem vamos falar, porque ele simplesmente não existe. Depois, se há uma pessoa por quem eu suspiro o tempo todo, bem podia vir o Papa e o Papamobil e a comitiva do PSD tudo junto, que eu não ia deixar de suspirar por causa disso. Provavelmente, não teria olhos para mais ninguém - além de que, na vida real, os homens que têm interesse em nós vêm falar connosco através do facebook, em vez de esbarrarem connosco à saída do café, como deviam, e de nos fazerem deixar cair o latte e as folhas todas que carregávamos nos braços. Ao mesmo tempo, enquanto nas comédias românticas chega a ser adorável a maneira como a protagonista sofre por um amor não correspondido - a maneira como ela se queixa com um tom tão sonhador que nos faz pensar "oh ela gosta dele e ele nem vê, o tontinho, oh que giro" - na vida real isto não tem piada nenhuma. Por muito que eu tente amenizar a coisa quando escrevo, por muito que eu tente que pareça que passo os dias a sonhar e que é giro e só ligeiramente exasperante, a verdade é que é triste, que eu fico triste sempre que me apercebo que não sou tão importante como gostava e que ele não me vê como eu o vejo - que ele não me vê de todo, e é completamente exasperante, a cada minuto, todos os dias.

14 comentários:

  1. os filmes sao mesmo lixados.

    eu acrescentaria: nos filmes o moss timido/nerd whatever que acha que nao reparam nele acaba sempre por ficar com a miuda gira que sem se saber bem como engraça com ele e afinal também era timida

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  2. clap clap clap a vida não é de todo uma comédia romântica mas nós não deixaremos de as ver e sonhar na mesma...

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  3. Só me apraz desejar-te "buona fortuna". Eu acho que já tenho o meu quinhão dessa sorte... Beijim. Giuseppe

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  4. Eu também gosto bastante de comédias românticas... Que me fazem sonhar um bocado... E acabo por no final sentir sempre uma certa alegria por sonhar com isso, mas uma certa tristeza por saber que só acontece nos filmes...

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  5. Odeio comédias precisamente por casa disso, não retratam, nem remotamente, o que se passa na vida real. Só tratam assuntos que jamais acontecerão!
    É profundamente irritante que o façam, porque à medida que se vai crescendo vai-se apercebendo que nada daquilo é real, e assim, passa-se a odiar comédias românticas! Voilá!
    Irritante!

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  6. como eu te percebo :S
    é uma treta mesmo :s

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  7. É exactamente isso. As comédias românticas fazem-nos sonhar e depois a vida vem e dá-nos um valente par de estalos...

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  8. Arruinaste os filmes românticos :p
    Por acaso não gosto de comédias românticas, são todas muito iguais e sabe-se sempre o fim baah não tem piada
    Isso de deixar cair tudo o que temos nos braços não resulta, já me aconteceu, ele apanhou tudo com gentileza mas não ficamos juntos para sempre :(

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  9. Riga: tb já vi um ou outro desses... mas não são a regra

    a Gaja: e isso é grande parte do problema... lol

    Giuseppe: se tu a tens, aproveita-a... tb espero tê-la um dia!

    Morah: é isso e é uma grande merda...

    Eve: tens toda a razão... eu gostava de ser uma romântica sonhadora incurável que acredita sempre nesses finais felizes, mas... não sou

    Anónimo: é não é?

    Ana: eu própria não podia ter dito melhor...

    Dé: eles é que me arruinaram a mim bah! não resultou? bolas... eu culpo o facebook!

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  10. Eu também gosto muito de comédias :) Como posso não acreditar quando a minha história 'é' passada num supermercado? ;) Mas compreendo perfeitamente, os filmes são demasiado inrealistas em muitos aspectos, é tão perfeito que chega a dar nervos.
    Oh Sofia da-lhe um valente empurrão ver se ele abre a pestana :P *

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  11. pois nao, por isso mesmo sao enganadores os filmes

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  12. Misa: precisamente, tão perfeito que chega a dar nervos, muitos! eu qualquer dia dou-lhe é um pontapé... ;)*

    Riga: o que eu quis dizer foi que mesmo nas comédias românticas isso não é a regra...

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  13. Qnd eu era uma romântica incurável e eternamente apaixonada por quem não queria nada comigo, e depois por aquele que veio a ser o meu namorado, actual ex aka fugitivo aka falecido, também suspirava que nem uma louca qnd via esses filmes, recusava-me a ver outros dessa espécie.
    Depois do desgosto do 1º amor, esses filmes deixaram de ter sabor, agora vejo-os, mas já não me tocam!

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  14. sonhosdeumarapariga: hahaha mto bom! eu nunca suspirei que nem uma louca a vê-los... pq há sempre o reverso da moeda, o sabermos que aquilo não existe... é uma chatice

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