Dear Cupid, next time hit both.









terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

So please, please, please, let me get what I want


Quero ir ter contigo uma noite destas. Atravessar essa rua escura, ouvir só o ar trémulo a entrar e a sair do meu peito e ver as pequenas nuvens de ar quente que me saem da boca a ficarem para trás. Quero os meus passos a serem ecos enquanto os meus saltos, desengonçados, assentam um de cada vez na calçada molhada. Molhada, sim, tem de estar a chover na noite em que eu for ter contigo. É que a chuva encaixa sempre melhor as coisas tristes. Quero ir ter contigo uma noite destas, aparecer-te à porta de gabardine preta só com lingerie por baixo. Como se vê nos filmes. Quero que tu me vejas, que me queiras duma vez e que eu não te deixe respirar, como tu me fazes só com um olhar. Porque é injusto, é injusto que eu te queira tanto e que tu me queiras tão pouco, que eu arda por ti e que tu nunca, nunca, me queiras acalmar o peito que alvoraçaste sem tentares. Quero usar-te e deixar-te no mesmo chão metafórico em que tu me deixas a cada dia, ser tão indiferente ao teu peito como tu és ao meu, escolher a dedo que tipo de recordação vou cravar-te na alma desta vez e depois partir, com a mesma leveza com que tu partes sempre depois de me cravares na alma a tua boca, ou o teu toque, ou a tua voz. Quero trazer de volta os meus saltos, a lingerie e a gabardine, a indiferença e a certeza, ir ter contigo uma noite destas e voltar sem que tu, para variar, queiras dizer-me adeus.

6 comentários:

  1. Espero que em breve troques a chiva pelas tardes solarengas. O chão molhado da calçada pelas pedras quentes. Um beijo minha querida

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  2. Estas palavras valem, sem dúvida, mais que qualquer imagem! Lindo...
    Acho é que muito dificilmente conseguirias fazer isso com essa indiferença e frieza que ambicionas. No final, eras tu que voltavas para casa com o coração partido, porque quem ama não consegue usar ninguém dessa forma...

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  3. Eu adorei este texto, está fantástico (:

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  4. Pipoca: eu tb gostava...

    Ana: obrigada... a questão nem é tanto essa, a questão é que ele não ia não querer que eu dissesse adeus... e isso é que me lixa. É a tal história... "Eu nunca quero que vás, tu nunca podes ficar"...

    ana: obrigada :)

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