Dear Cupid, next time hit both.









domingo, 6 de fevereiro de 2011

Será que numa rua deserta tu reparas em mim?


Sempre que estou contigo, volto para casa em piloto automático. Apercebo-me disto, invariavelmente, no dia seguinte. Quando ligo o rádio do carro e não me lembro minimamente de ter estado a ouvir aquele cd, o que está a tocar e já vai a meio, o que certamente veio a tocar, abandonado, todo aquele longo caminho de volta. O caminho de volta, depois de ter estado contigo, é sempre o mais longo que eu faço. E, nesse espaço de tempo longo, sempre longo demais quando o meu movimento é no sentido oposto àquele em que tu estás a mover-te também, eu não ouço nada. Não ouço as músicas que o leitor de cd's debita, metodicamente, porque os meus ouvidos estão cheios da tua voz segura e pontilhada daquela ironia que nunca me deixa ver-te por inteiro. Não vejo os sinais vermelhos, porque o meu olhar está ainda repleto do teu e das pequenas falhas do teu rosto - apenas paro porque o meu cérebro está, de alguma forma, programado para informar o meu pé direito que aquela é a altura para pressionar o pedal do meio. E não sinto as temperaturas baixas, porque as tuas mãos ainda me percorrem os centímetros de pele que se arrepiam sempre com o teu toque e que se movem sempre como se precisassem dele. No caminho de volta, aquele que é sempre, sempre, o mais longo que eu faço, os teus dedos ainda pousam na minha perna e, depois, entrelaçam-se nos meus cabelos, não me saem palavras da boca porque ela ainda tem o gosto que a tua boca deixou quando, entreaberta, se encaixou na minha, e eu ainda tenho a tua respiração morna no meu pescoço. No caminho de volta, aquele em que uma parte de mim fica contigo porque nunca quer voltar, porque nunca quer fazer aquele longo caminho para longe de ti, tu ainda vens comigo, tu ainda estás comigo, como estás em cada minuto do meu dia. Como eu gostava de também estar nos teus. Nos teus minutos, nos teus olhos, na tua boca, na tua pele - eu gostava de estar em ti como tu estás em mim, assim, sempre, e por toda a parte.

5 comentários:

  1. epah, como eu adorei este teu texto.. Lindo *

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  2. Oh porra... agora deixaste-me com o coração encolhido, assim pequenino... também quero que alguém me queira assim, sempre e por toda a parte!

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  3. Il faut si peu pour être heureux... é o que eu digo sempre. Parabéns pelo belíssimo texto e pela tua vida harmoniosa. Que sempre continue assim. Nem sabes a fortuna que tens. Beijim. Giuseppe

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  4. Se soubesse o arrepio que me percorreu ao ler isto... Foi como se nas suas palavras lesse um bocadinho de mim :)

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  5. m: obrigada*

    Ana: também eu, eu também queria...

    Giuseppe: obrigada... se bem que a fortuna seria outra se houvesse o mesmo do outro lado

    Miri: obrigada*

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