Até não te ter, eu só conhecia aquelas saudades que temos de coisas que não vão voltar, de coisas que nós não esperamos ter de volta porque isso é impossível. Como aquelas brincadeiras de infância, ou como os nossos avós que já morreram, ou como a nossa professora preferida da escola primária. Esse tipo de saudade boa, porque vem sempre acompanhado de excelentes recordações de coisas que, apesar de terem ficado para trás, nos trazem sempre um sorriso, uma sensação de conforto porque as tivemos. Depois de ti, conheci a outra saudade. Aquela que temos de coisas que não vão voltar, mas que nós desejamos ardentemente que voltem. De coisas que estão no passado mas que na realidade não ficaram para trás, porque as trazemos ainda connosco a cada dia, de coisas que não voltam, não porque não podem, mas porque um de nós assim o quis e hoje é tarde demais para sermos o que fomos. Porque se essas coisas voltassem agora, coisas como as nossas mãos dadas ou a minha cabeça a descansar no teu peito de manhã, seriam só uma milionésima parte do que nós já fomos, e nós nunca iríamos ficar satisfeitos com isso. É como ter o Mundo num dia e depois ficar sem ele e darem-nos meia dúzia de países e ser suposto nós ficarmos contentes com isso - como, se já tivemos o Mundo? Como é que nós íamos ficar contentes com um bocadinho de nós, quando ambos sabemos tudo o que já fomos? Para isso, eu guardo a saudade. Fico com ela, assim, como tenho ficado, sempre no bolso ou no lado esquerdo do peito onde mora o coração que já foi só teu. Esta saudade, aquela das coisas que não voltam só porque as voltas que o mundo dá nos afastaram do que fomos, a saudade com que algumas pessoas aprendem a viver todos os dias e que eu acho que pode fazer parte de nós para sempre. A saudade a sério, a que eu tenho de ti.
#15 LETTER TO THE PERSON YOU MISS THE MOST
mias do que 1 pessoa sinto saudades "daquela" pessoa.
ResponderEliminaro problema é que nem sei quem ela é =/
Fiquei com vontade de dizer milhões de coisas depois de ler isto, mas basta-me dizer: magnífico. Revejo-me tanto nessas palavras, a sério... :-)
ResponderEliminarLindo!
ResponderEliminarNem sei bem o que dizer... São estas pequenas (grandes coisas) que nos fazem sentir felizes.. Por vezes podemos ter tudo e mesmo assim sentimos que não temos nada.
ResponderEliminarGostei muito deste texto.
ResponderEliminarDiz-me bastante e identifico-me com ele.
Acho que estou incluído no grupo de pessoas que aprendeu a viver com a saudades todos os dias, mas há dias em que me sufoca e em que desejava por tudo poder voltar a ter o que tive.
Faz parte de mim e a saudade e não a quero esquecer, pois mostra-me aquilo que vivi.
não, na verdade não é sobre mim. Mais triste é quando ambas as partes não estão de acordo e acontece como o final do texto diz.
ResponderEliminarRiga: então não sentes saudades de uma pessoa, sentes saudades de alguma coisa... mas acho que te percebi
ResponderEliminarJane: há tantas pessoas com saudades no bolso... :)
João: obrigada :)
Canhoto: sim, às vezes é isso... :)
Morah: percebo-te perfeitamente... posso garantir-te que, eventualmente, vai sufocar-te um bocadinho menos a cada dia... e não precisamos de esquecer, basta guardá-la no lado esquerdo do peito ;)
Bocados: sim, suponho que isso seja ainda mais triste... :/
Ora ai disseste uma grande verdade "não precisamos esquecer, apenas temos de guardá-la no lado esquerdo do peito."
ResponderEliminarConcordo e acredito plenamente nisto. =)
Morah: eu também... se foi uma coisa boa, porquê esquecer? :)
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