Dear Cupid, next time hit both.









segunda-feira, 12 de julho de 2010

There's no getting over.

Adormeceste ao meu lado. Eu fiquei a observar-te enquanto dormias, o rosto sereno e descontraído, quase imóvel, o leve balançar que a respiração te conferia ao corpo. Naquele momento, lembrei-me de todos os pedaços de tempo que tinha passado a decorar-te o rosto enquanto dormias, a admirar-te a perfeição dos traços, a cor da pele, a suavidade dos lábios - tempo em que eu ainda tinha a certeza de que não precisava de mais nada, a certeza de que, se pudesse acordar assim todos os dias da minha vida, a olhar o teu rosto tranquilo, seria feliz. Naquele momento, perguntei-me se não seria ainda capaz de o fazer, se ter-te assim não seria suficiente. Não se poderia viver daquilo? Não é suposto o amor ser suficiente? Eu sinto a tua falta todos os dias. Eu sempre soube que sempre sentiria a tua falta, mas não nesta ânsia de te querer, mesmo sabendo que não é certo. Ainda tenho muitas saudades tuas, às vezes parece que cada vez tenho mais saudades tuas, ainda que me pareça sempre que me é impossível sentir mais a tua falta. Tenho saudades das pequenas coisas, das grandes coisas, de todas as coisas. Dos passeios de mãos dadas, da nossas férias sempre em sítios novos, dos planos para um futuro a dois com cães que não poderiam sair da cozinha porque tu não os querias na nossa cama, dos gelados partilhados, do calor dos nossos corpos, dos teus beijos, dos nomes pirosos que nunca mais deixei ninguém chamar-me, do teu (sor)riso, das nossas coscuvilhices, dos jogos infantis, dos filmes que víamos abraçados, de me ofereceres flores, de te jurar amor eterno (não voltarei a fazê-lo), de acordar ao teu lado, de adormecer ao teu lado, de.... de tudo. Tudo. Eu mantenho-me como sou, teimosa, quadrada e obtusa, sem permitir sequer que me limem as arestas, determinada a perseguir a minha felicidade, a cumprir os meus objectivos, mas a verdade é que continuo aqui, à espera que tu faças um gesto qualquer daqueles que só se vêem nos filmes lamechas que me faça atirar tudo às urtigas e correr para ti. Disso, ou de ter um insight qualquer, como acontece nos filmes e nas séries, em que o protagonista, algures a meio de uma frase qualquer, se cala e arregala muito os olhos enquanto tem um flash que lhe permite ver que afinal foi uma estupidez ter fugido à pessoa amada e que só quer estar com ela para sempre. Eu continuo à espera de um desses momentos, em que percebo que tu és tudo o que preciso para ser feliz e vou a correr ter contigo e, mesmo eu estando despenteada, suada e ofegante, tu não vais resistir ao meu beijo e vais dizer-me qualquer coisa como "Esperei por ti este tempo todo... eu sabia que voltavas, e eu nunca quis amar mais ninguém.". Mas este momento nunca vem, só a saudade, e com isso eu acho que posso viver. Há-de passar. Tem de passar. Não é?

6 comentários:

  1. A Saudade passa. Acredita em mim, porque sei muito bem do que falo... Bjinhos

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  2. oh querida... sabemos ambas o que é ter cicatrizes no coração, a dor que é. e sabemos bem o que é ter medo de voltar ao passado porque temos medo de voltar a sofrer, porque temos medo que nos juntem mais uma ferida à colecção que já temos.
    ah querida, como adorei o texto +.+
    "Tenho saudades das pequenas coisas, das grandes coisas, de todas as coisas."

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  3. eu tb por vezes tenho saudades de muitos desses momentos .......só de pensar que já lá vao praticamente 26 meses, mas enfim, melhores dias virão.........acho eu

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  4. em coisas tão arrebatadoras, a saudade existe enquanto existir memória, julgo. talvez com o passar do tempo já não sintas falta de todas as coisas, mas algo tão marcante faz sempre com que sintamos falta de algumas delas. é sinal que existiu, que soube bem, e seria estranho nunca mais querer isso outra vez.

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  5. "Tem de passar. Não é?" eu espero que sim, senão andamos que nem portugueses esperando por D.Sebastião numa noite de penumbra. Sabes, às vezes tenho medo que o passado não passe nunca, que fique sempre marcado dessa forma...mas isto passa :) vamos acreditar querida*

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  6. Narizinho: será que passa mesmo? ou que às vezes temos de aprender a viver com ela...?

    Joana: já percebi que sim, que ambas sabemos o que é isso... nós e mais meio mundo, verdade seja dita... obrigada querida***

    Riga: esperas tu e eu...

    Girl in Motion: acho que isso faz sentido... mas podia custar menos, passar mais rápido, sei lá... =/

    Mysterious girl: eu tb tenho medo disso... mas vamos pensar que não... beijinho

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