Dear Cupid, next time hit both.









quarta-feira, 3 de março de 2010

E entregamos o nosso coração.

É inevitável. Pelo menos uma vez na vida, entregamos o nosso coração a alguém. Na melhor das hipóteses, ele não nos é devolvido como uma camisola que já não serve, velha e amarrotada. É bem cuidado e permanece nas mãos de quem nos ama, por muito, muito tempo. Depois há as outras hipóteses. Uma delas, talvez a pior, é quando o nosso coração volta em frangalhos. Desfeito, esmigalhado, despedaçado em mil fragmentos que parecem não fazer sentido separados uns dos outros. E, quando ele nos é atirado de volta assim, ficamos ali, com os pedacinhos nas mãos juntas em concha, a alternar o olhar incrédulo entre as costas daquele que era o dono do nosso coração, enquanto ele se afasta sem olhar para trás, e os mil pedacinhos nas nossas mãos, cada um deles reflectindo uma recordação mais dolorosa do que a anterior. Eventualmente, com o tempo, o precioso tempo, conseguimos voltar a juntar os pedacinhos. Contudo, por muito bem que os colemos uns aos outros, notam-se sempre os veios onde eles se juntam - ficam sempre, sempre, marcas que nos lembram daquela dor atroz que é ter um coração (o nosso coração) em pedaços nas mãos. A outra hipótese é quando ele vem corroído, carcomido, como se estivesse gasto. Isto acontece quando alguém nos vai levando um pouco de cada vez, quando alguém vai esgotando o nosso amor aos poucos, corroendo o nosso coração a cada dia que passa. É quando alguém não nos faz bem mas nós só percebemos isso quando já temos o coração mais corroído do que se o tivéssemos mergulhado em ácido sulfúrico. Aí, pegamos no nosso coração e damos-lhe, mais uma vez, tempo. E ele cura-se, porque um dia encontramos alguém que sabe amar-nos e que toma conta dele, enchendo-o com tanto amor que ele regenera-se por si próprio, quase sem darmos conta. E depois há a outra hipótese. Acontece quando o nosso coração volta esmagado. Quando até podemos ter de ser nós a tirar o coração das mãos em que o depositámos, porque ele simplesmente nos diz que já não pertence ali. A sensação é a de que aquele coração está estragado, que ele se enganou, que ele devia achar que ainda pertence ali, e não percebemos por que motivo aquilo já não parece certo. Então, somos assolados por dúvidas, por "ses", por "porquês". E seguimos, de coração nas mãos, inteiro, aparentemente intacto, mas tão esmagado que não nos cabe ninguém no peito por muito, muito tempo. E aquele que foi o dono do nosso coração nunca o deixa na realidade, fica sempre lá, arrumado num cantinho, porque nós nunca percebemos por que motivo o nosso coração já não quis aquele dono, e ainda achamos que ele perdeu a razão. Seguimos, de coração esmagado nas mãos, cheios de incompreensão, de apertos, de saudades. De boas recordações. Deixamos outras pessoas entrarem-nos no peito, ainda que elas nunca possuam realmente o nosso coração. Mas seguimos. Cheios de dúvidas e com uma única certeza: a de que nunca, jamais, o nosso coração sentirá outro amor assim.

Talvez um dia percebas que o meu coração ficou esmagado. Talvez um dia me perdoes. Talvez um dia eu me perdoe, e perdoe o meu coração por ter querido mudar de dono, por não te achar suficiente. Mas tu moras nele, vais sempre morar. E talvez um dia to diga.

7 comentários:

  1. bem.............

    apenas te digo que me revi em muitas dessas "situações"e o ior de tudo é que quantas mais vezes estas coisas acontecem, mais receio existe de voltar a entregar o coração a alguem.

    no meu caso sou sincero, por um lado quero o fazer e tenho esperança de o voltar a fazer, mas por outro tenho medo que volte a vir aos bocados

    bjs

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  2. Ainda estou arrepiada com este texto...acho que é a única frase que consigo dizer de jeito. É que é tão verdade, mas tão verdade cada palavra que está escrita...ai.
    Beijinho*

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  3. Diogo: hoje, decididamente, não é o dia...

    Riga: pois, o receio fica sempre... mas se não arriscarmos nada bom vem de lá... e há sempre a primeira hipótese de todas... ;)

    Mysterious Girl: oh, obrigada... é diferente do que eu costumo escrever mas saiu-me... beijinho grande*

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  4. boas

    tipo podes arriscar em todas as categorias, o ani passado nas categorias tecnicas mandei palpites ao calhas e acertei quase todas( alias acho que mandando ao calhas falhei apenas 8 ou 9 no total.lol) e este ano ainda tou pior do que o ano passado, já que no ano passado guiei as minhas apostas pelos grammys e os festivais anteriores, este ano nem sei os resultados disso.lol

    vou entao considerar as tuas apostas , na volta com metade das categorias acertas mais que eu.lol

    bjs

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  5. Iúri: ;)***

    Riga: naa dá mto trabalho lol eu fico-me pela minha aposta!

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