Às vezes, ainda me pergunto se as nossas diferenças não seriam ultrapassáveis. Se, com o devido esforço e dedicação, não conseguiríamos chegar onde sempre quisemos. Eu costumava ter a certeza que não mas, com o passar do tempo e com o não passar da saudade, já só acho mesmo que não. De vez em quando, fazes qualquer coisa simples que me faz querer atirar os meus braços em volta do teu pescoço e ficar ali, com a boca contra a tua pele quente, assim, quieta, como antes. Mas, depois, há uma qualquer lembrança que me assalta, como esta. Já não estávamos juntos há algum tempo. Andávamos numa loja a ver qualquer coisa que agora não interessa para o caso. A certa altura, uma menina com cerca de dois ou três anos, que só vi pelo canto do olho, caiu do triciclo abaixo. Pareceu-me uma queda valente, mas ela nem chorou. Sobressaltado, estremeceste com a queda dela e ficaste a olhá-la por dois segundos, a hesitar. Como ninguém foi lá nesse espaço de tempo, murmuraste qualquer coisa que exprimiu a tua incapacidade de ficar só a olhar e correste até ela, com a preocupação estampada no rosto sério e visivelmente transtornado, levantaste a menina e o triciclo e entregaste-a aos pais. Nesse momento, eu pensei qualquer coisa como "Será possível não te amar...?". Ser atencioso sempre fez parte de ti. E este tipo de recordação faz-me achar que nós realmente não pertencemos um ao outro. Tu sempre tiveste um jeito nato para crianças, birras incluídas, enquanto eu não tenho pinga de instinto maternal e nem tenho intenções de ter filhos. Por outro lado, eu gostava de adoptar uma criança, e tu recusas-te a criar um filho que não seja teu. É... acho mesmo que há diferenças inultrapassáveis, quando se planeia uma vida a dois. Tenho pena, sabes? Nós podíamos ter sido tanto...
quarta-feira, 16 de junho de 2010
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lindo...saudades
ResponderEliminaroh querida.. eu não consigo ter a certeza de que não iriamos ser capazes de ultrapassar as diferenças. é isso que me custa, o pensar que desistimos cedo demais, sem tentarmos.
ResponderEliminarparece que adivinhaste aquilo que estava a sentir querida, andei o dia todo a matutar nisto.
as coisas não acontecem por acaso. Há o facto de haver diferenças que não se conseguem ultrapassar mas também o de se poderem completar assim ...
ResponderEliminarUm beijinho *
Iúri: hey amigo :) tenho tido pouco tempo... tenho de passar no teu cantinho, deixa-me sempre zen... ;)
ResponderEliminarJoana: eu não acho que tenha desistido cedo demais... acho que isto é só o coração a arranjar desculpas para voltar atrás sem que a cabeça se sinta culpada... e não quero isso =/ tb andei a pensar nisto... sintonia :) beijinho
June: esta diferença em particular parece-me daquelas inultrapassáveis e que não nos permite, de forma nenhuma, completarmo-nos... é uma coisa mto importante... beijinho
Por acaso lembro-me de pensar exactamente o que tu pensaste qdo vi como o rapaz de quem gostava tinha um jeito enorme para lidar com crianças. Provavelmente foi das coisas mais ternurentas qe vi. Mas também me lembrou da minha própria falta de jeito.
ResponderEliminarInfelizmente acho que essa é mesmo uma diferença inultrapassável, a menos que cedam os dois. Mas também n é justo não fazerem ambos o que vos faria mais felizes n e?
Tens um desafio no meu blogue, caso o queiras aceitar. :)
ResponderEliminarBjx
oh, talvez hajam diferenças inultrapassáveis para determinados objectivos. porque há coisas importantes que exigem grandes acordos. e se não houvesse a mínima possibilidade de um ceder, ou de os dois cederem, porque são valores muito sérios em causa, é pena, mas acontece mesmo u.u talvez se tenham de mudar antes os objectivos.
ResponderEliminarSabes, acredito mesmo que há pessoas que se amam mas que não estão destinadas a ficar juntas. Parece cruel, mas acredito mesmo nisto. E sim, há diferenças que não se conseguem ultrupassar sem que um dos dois passe a ser um bocadinho menos feliz...
ResponderEliminarBeijinhos
Sabor adocicado: precisamente... e nem dava para cedermos os dois, ou cede um, ou o outro... ou há filhos ou não há. Não era justo.... beijinho**
ResponderEliminarAninhas: assim que puder vou lá ver ;) beijinho
Girl in Motion: tb acho que há diferenças inultrapassáveis... nestas coisas importantes demais... e acho que sim, que acontece mesmo... beijinho*
Pipoca: acredito piamente nisso também.... é tão injusto! Beijinho