Aprende a minha comida preferida. Aprende que o meu gosto se
divide entre dias de chuva e pores-do-sol, entre o céu cinzento e o céu
estrelado, entre o amanhecer no verão e uma lareira no inverno. Lê os meus
poemas e aprende que todos eles falam de amor. Que sou sensível demais, fria
demais, perdida demais. Que dou demais, sempre demais. Vem e rasga-me o peito e
vê que o meu coração está amolgado demais. Aprende o meu livro preferido, e
como prefiro beber o café. Fica a saber de cor os meus olhos. Mas não te
demores. Vem e decora também o meu cheiro, até o da minha almofada, se quiseres.
Vem e aperta-me até eu saber o teu – não posso esquecer o teu. Não demores, e
eu prometo que fico até tu chegares. Mas não demores. Aprende também a calar-me
com beijos, a entrelaçar a minha vida na tua, e como levar a minha mão. E por
favor, lembra-te que eu não sei ler corações, mas eu gostava que todas as
pautas do teu tivessem escrito o meu nome.
Escrito ao som de "E agora?" (Mikkel Solnado e Joana Alegre).
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