Ainda penso em ti todos os dias. A verdade é que é mais fácil quando se tem outra pessoa a inundar-nos a mente, a encher-nos a caixa das sms, a ocupar-nos o tempo com saídas e programas a dois e a dar-nos novas (boas) recordações. E também é verdade que não penso em ti quando estou com ele. Mas a outra verdade, aquela que não digo a ninguém, é a falta que tu ainda me fazes e o quanto mudaste em mim. Eu não te superei, não te esqueci, ainda te trago comigo tempo demais ao longo do(s) dia(s). Não consigo dar-lhe a mão, sabias? Ele entrelaça os dedos nos meus e eu sinto-me tão desconfortável que puxo a minha mão, e ele percebe. É que ela costumava ser tua e era na tua que encaixava com perfeição, como se as nossas mãos tivessem sido feitas uma para a outra. Depois, às vezes, ele diz-me "gostava de ir ali!" e eu tenho de lhe dizer que não posso ir com ele, porque aquele sítio me traz recordações, e, mais uma vez, ele percebe que eu iria simplesmente sufocar se voltasse a ir ali, mais ainda se voltasse a ir ali com outra pessoa que não tu. E outras vezes, quando vou pela rua, a pensar em como pode ser bom ter alguém na nossa vida, sinto uma leve náusea quando me lembro que não é contigo que estou, que não é a tua voz que ouço no meu ouvido, que não é o teu riso que ecoa nas minhas noites, que nós afinal não somos nem nunca vamos ser aquilo que fomos, aquilo que, durante tanto tempo (tanto), ainda esperei que voltássemos a ser. Que nos perdemos de vez, que agora sim, é passado, sem qualquer tipo de retorno, sem nada no presente, nem no futuro - nunca mais. E que há ele, mas ele, por muito bom que seja, não é o que tu foste, e eu vou ter de me habituar a essa ideia, a de nunca mais ter o que tive contigo.
Mas, depois, ele faz-me sorrir. Muito. Todos os dias. Isto também é verdade, e eu vou esperando que ele tenha aparecido na melhor altura possível, e não na pior - aquela em que eu só preciso de alguém para esquecer-te...